mademoiselles e messieurs

sábado, 8 de janeiro de 2011

só uma prosa...

Quando estou aí ,tenho a impressão que posso tocar o céu com as mãos...

(A menina da menina, na Igreja do Céu - Viçosa do Ceará)



Não nasci em Fortaleza, vim para cá bem novinha para terminar os estudos, cursar uma faculdade e depois fazer o caminho de volta pra casa mas eu  nunca fiz este caminho em definitivo. A Capital nunca permitiu que eu retornasse para o interior, pois, me tomou de jeito, me acolheu, me deu flores , frutos ,   espinhos também  e lhe sou muito grata por tudo. Chegar até aqui, foi uma caminhada díficil, tudo era novo, "admirável mundo novo", eita medo que eu senti, tinha medo do desconhecido ,de fracassar, de me perder de mim mesma. Vencer tudo isto, exigiu  sacrifícios e muita determinação da menina matuta que eu era. Muitas vezes quando a saudade  doía muito, eu pedia aos prantos pra voltar pra casa mas minha mãe na sua infinita sabedoria nunca deixou, e assim  ,eu seguia fazendo  o que tinha que ser feito mas sempre imaginando o dia em que regressaria para junto dos meus, para o meu lugar.  De vez em quando, como hoje ,me pego pensando o que teria acontecido se tivesse retornado, o que teria sido feito daquela menina, que veio sozinha, lá da serra, para  enfrentar  um mundo tão diferente do seu. Sinceramente eu não sei, não consigo imaginar  minha vida diferente da que tenho, estudei, me formei, amei, casei, descasei, tive filhos, é verdade que nem tudo saiu como o planejado mas  no geral estou muito feliz com o que alcancei, com o que sou, a menina ingênua e curiosa, venceu na cidade grande. Mas onde está aquela menina?  Será que ainda restou um pouco dela neste meu corpo  de mulher madura?  São perguntas que também me faço e pra minha felicidade, vira e mexe dou de cara  com esta menina. Ela vive nas coisas simples que aprecio e valorizo, está no sorriso da minha filha e no olhar curioso do meu filho, está guardada em mim.  Mas é  quando viajo para o interior  , lá  pra  serra, que sinto ela mais próxima, eu até consigo ver a menina brincando nas ruas da cidade, de pés descalços, tomando banho de chuva, jogando bila (bolinha de gude) nas calçadas de terra, brincando de pião, soltando  papagaio ( pipa), comendo manga verde com sal, jeito de moleque, arteira, inquieta, encapetada,  livre, esta menina sou eu e vai estar sempre aqui, no meu coração... eternamente.


Um bocadinho do lugar de onde eu vim....

O "portal"



recanto







paisagem tão conhecida






que me traz tantas lembranças


São 365 degraus para se chegar ao Paraíso



 
e finalmente ele, o Céu.

A quem possa interessar, garanto que a menina continua matuta. Graças à Deus.






7 comentários:

  1. Oi, Yanne!
    Lindo texto, tão poético... Vc é como minha mãe, como algumas amigas... que vieram do interior do estado, sabe que eu queria muito ter nascido em Mangabeira (terra raiz da minha família)? Adooooro! sempre passei férias lá, em Juazeiro, Crato, cedro... Morro de saudades e reconheço sua alma, pq tive e tenho amigos, parentes assim... matutos maravilhosos!
    Conheci sua cidade quando trabalhava, dei um curso lá há anos atrás, e fiquei maravilhaaada com Viçosa, achei linda, e mais: superlimpa, um povo educado, enfim, adorei... sem falar nas petas, doces e licores!!! rs
    Beijinhos, querida.

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  2. Querida Alma Magra em Cristo
    Pe. Ricardo Saradão é o Diretor Espiritual de meu Convento e passa grande do seu tempo atendendo as minhas pupilas e enfiando-lhes duras penistências que rasgam as almas pecaminosas e as desnudam do pecado. Assim nuas em Cristo, elas experimentam o Gozo Divino. Pe. Ricardo Saradão é um dos padres mais bem DOTADOS espiritualmente. Sei que realmente dá vontade de se confessar com ele para aproveitar a sua dura Penistência, mas infelizmente, ele não terá tempo.
    Vou conversar com o Bispo D. Romeu Tudo em Cima para ver se ele libera algum padre para lhe atender. Aguarde respostas.
    Santo Ósculo em seu coração!

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  3. Oi linda

    Não li seu post,porque agora estou mesmo chateada,não sei onde exatamente eu falei algo que ele não se sentisse bem,como quase nunca entro no Blog dele,pois sou casada e meu marido me pediu que mantivesse o blog com apenas amigas(vê se pode),eu raramente vou a algum onde seja o dono do Blog homem(pode?),mas para evitar problemas.Esta semana visitei o Blog dele devolvendo sua visita, e escrevi o que você leu.Mas sei que tenho um defeito que não consigo corrigir....eu falo o que sinto....,as muitooooooo raramente eu falo algo que seja negativo a pessoa.Talvez fosse melhor abrir um post e ler e dizer...ótimo...ou boa sorte...lindo....
    Imagine-se escrevendo seus sentimentos como parece que vou ler no seu post e recebendo um comentario assim.....e mesmo....olha que coisa....não e chato isso,parece que a pessoa nem leu,nem ligou.
    Volto amanhã,mas pode ter certeza eu não sei apenas dizer....oi...e ir embora.
    Deusa
    vasinhos coloridos

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  4. Oi, Yanne, muito obrigado pela visita no meu blog.

    Gosto de mostrar como é minha vida... bem simples.

    Qto aos bordados, se precisar de alguma dica é só me pedir.

    Tenho um ótimo domingo.

    Bjus.



    [Ahh, seu blog tbm é muito interessante]

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  5. Oi Yanne!!
    Que linda viagem você acabou de me permitir!
    Nossa, foi um prazer conhecer a menina matuta que reside em você :)
    Você disse tudo. Para mim, a vida é feita desses pequenos-grandes momentos, das lutas que travamos, dos sonhos em que acreditamos, da coragem em seguir adiante, mesmo quando tudo em nós quer retornar.
    Beijo grande

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  6. Que cisa linda,Yanne! Nunca saberemos o que seria se tivessemos feito outros caminhos, não é?

    O importante é saber que estás legal e feliz e que podes olhar em tudo e ver ainda, aquela mesma menina...Lindo! beijos,chica

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  7. Linda a sua história e como a sua há outras, por exemplo a minha; nasci, como aqui se diz, numa aldeia; filha de um taxista que sempre fez questão que os dois filhos estudassem e tirassem um curso; foi duro para ele, mas conseguiu; ainda tenho a casa onde nasci lá na minha aldeia; agora moro numa cidade próxima. Aos 24 anos, já casada, resolvemos ir para o Brasil; fomos; fiquei 14 anos, tenho os dois filhos brasileiros; os meus pais e irmão continuam lá; fico às vezes também pensando...como seria eu se ainda estivesse na minha aldeia, como seria eu se continuasse a ser uma secretária executiva aqui em Portugal; como seria eu se não tivesse saído do Brasil? Deixou-me pena ter vindo para Portugal; não é que não seja feliz aqui, mas no Brasil fiz a minha vida, lá nasceram os meus filhos, lá continua parte da minha família; parte da minha vida ficou lá e várias vezes lá vou rever essa parte de mim. Sabe, não sei responder a estas perguntas, só sei que volto ao passado e me revejo feliz nele; tudo aconteceu de uma maneira natural sempre com alegrias e tristezas, pois nesse ir e vir da vida há sempre amarguras e desânimos. Mas a vida é isso mesmo...feita de momentos, momentos sempre diferentes. Um beijinho e poarabéns pelo lindo texto.
    Emília

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