mademoiselles e messieurs

sábado, 17 de setembro de 2011

Devagarinho, Divagando....




Passadas as emoções e comemorações do aniversário de 15 anos, da minha filha Aymée, eis que a vida volta a seguir o seu curso normal. Brincadeira, né?! Afinal, nem houve tanta comemoração, a aniversariante, não quis saber de festa, não permitiu sequer que cantássemos o tradicional "Parabéns pra você". Mas meu pai e minha irmã, os dois "carne de pescoço" da família, não atenderam o desejo da menina e por telefone, distantes 360km de nós, cantaram a tal musiquinha.

É bem verdade ( e aqui é nossa opinião pessoal, sem nenhuma crítica a quem pensa diferente), que achamos este tipo de festa um verdadeiro "circo", inutilidade total, "é jogar dinheiro no mato", como diria minha carente clientela, entretanto,se este fosse o desejo dela, se ela tivesse nos pedido uma festa, provavelmente, teríamos feito tudo conforme manda a tradição e com imenso prazer.


Atualmente,quanto se gasta numa festa de debutante?. No ano passado, minha filha foi convidada para os 15 anos de uma amiguinha, foi uma festa cinematográfica em todos os sentidos e comentava-se a boca pequena, que os pais da menina haviam gasto mais de trinta mil reais. Como?. Uma pequena fortuna, não é mesmo?.

 E  nós, quanto teríamos gasto?. Trinta, vinte mil reais, mais?. Será que eu teria coragem de gastar tudo isto?. No primeiro aninho de vida dela, ainda emocionada com a maternidade recente, me deixei levar pelo sentimentalismo , pelo desequilíbrio hormonal e cedi à tentação e armadilhas das festas infantis. Gastei muito e não gostei do resultado final.

Desde então, passei a olhar de forma crítica pra este tipo de comércio, não sou comunista (só em algumas ocasiões), nem ingênua , sei que toda atividade comercial visa o lucro mas dá pra lucrar sem depenar o coitado do cliente, não é preciso lhe tirar até o último centavo, é possível praticar um preço justo, o problema é que todo mundo quer ganhar muito, aí, a ordem é superfaturar tudo, tudo mesmo.



Portanto, falo com conhecimento de causa, não gostei e não gosto de  me sentir enganada, lesada, daí, além de não gostar da festa, do ritual em si, não vou alimentar, nem colocar meu dinheiro na indústria que norteia e dar as cartas nestes tipos de festas(quinze anos, formaturas, casamento).

 E como se isto não bastasse, ainda existem outros inconvenientes,como o fato de que os anfitriões não se divertem, não comem, não bebem, não curtem aquela parafernália toda e também é fato, de que por mais que os donos da festa se esforcem para que tudo saia perfeito,que tentem agradar a todos os convidados, ainda assim,  haverão muitas críticas e falação, vão reclamar de tudo, da comida, da bebida, da música, da falta de atenção, da mesa onde foram colocados, enfim, disto e daquilo.

E no nosso caso, outros questionamentos surgiriam, alguns de ordem filosófica, moral e política (?), afinal, a pergunta que iria nos torturar durante um bom tempo, seria: Como seres dotados de discursos inflamados contra as desigualdades e injustiças sociais, decidem promover uma festa tão burguesa quanto esta de 15 anos?. Não seria contradizer tudo o pensamos e fazemos, no dia a dia?.

Como penso e muito,também fiquei imaginando: O que faríamos com a nossa timidez crônica, afinal,somos seres anti-sociais por natureza. Como nos transformaríamos em pessoas simpáticas e extrovertidas, assim, num passe de mágica?. Além disto, aqui, em Fortaleza, somos só nós, não temos nenhum parente por perto, assim, a festa seria basicamente para poucos amigos e um bando de desconhecidos. Nã, nã, ni, nã, não, dinheiro é coisa séria e se você não o respeita mas tarde ele se vinga, te dá o troco (sem trocadilhos).

Eu sei, pareço exagerada mas vocês não viram foi nada, experimentem argumentar com  um certo advogado, politizado e idealista, garanto que se a pessoa não for um "ser forte", acabará sendo doutrinada e convencida por ideias interessantes e polêmicas. Mas que diabos estou falando, desculpem-me, divaguei um pouquinho.

Voltando ao assunto "Quinze Anos",sempre que perguntávamos pra menina que presente ela gostaria de ganhar, a resposta, na lata, era: Uma viagem, destino: Paris. Assim, combinamos que aos dezoito anos (já falando fluentemente, ao menos, o inglês), ela fará a tal viagem. Quem sabe um intercâmbio?.Sim, aí valerá a pena, investir os tais trinta mil reais. Alguém concorda, discorda?. De novo, nada contra quem resolve fazer a festa, certo?.


Assim, para que a data não passasse em branco, como era o desejo da aniversariante, encomendei uma cesta de café da manhã, com direito a tudo o que ela gosta, inclusive, rosas e também pedi salgadinhos, docinhos e uma "torta confeitada" para cantarmos o tal do parabéns mas ela vetou de novo.

Na verdade, a única coisa que ela pediu foi para sair com os amigos, comer pizza junto com a turminha, e aí vem um fato interessantíssimo, que me deixou muito orgulhosa deste ser humano que botei no mundo: Ao convidar os amigos para a tal pizza, eles perguntavam o que ela gostaria de ganhar e a resposta era sempre esta: "Não precisa levar presentes, eu não preciso de nada, eu já tenho tudo, sua presença basta pra mim.".

 E o legal é que isto não foi dito da boca pra fora, como acontece com a maioria de nós, adultos, falamos que não desejamos nada mas estamos sempre a esperar algo das pessoas, nem que seja um simples "obrigado" .




 Mais uma vez, a menina, sem querer e ainda tão novinha, estava me dando uma lição de vida, um exemplo: o de valorizar só o que realmente tem valor, no caso, compartilhar uma data especial com os amigos mais próximos, este é o verdadeiro presente.

.Então, nada de festa luxuosa, "festa estranha, com gente esquisita..." (lembrei não sei o porquê, da música do Legião), tudo simples, como ela é, de fato. Minha menina,  não gosta muito de cheiros e beijinhos (eu gosto), nem é dengosa, cheia de vontades, não fica se desmanchando em elogios, mas desta vez, nas entrelinhas, ela também quis dizer que reconhece tudo o que é feito e ensinado pra ela e que ela tem tudo o que deseja, que nada lhe falta, nem materialmente, muito menos afetivamente.

**Resolvi compartilhar este episódio com vocês, porque esta semana, estou meio descrente do ser humano, vez por outra, acho a humanidade um lixo. Tive demonstrações de como as pessoas podem ser hipócritas, dissimuladas e até perversas.
Sou uma mulher inteligente, engajada, tenho quarenta anos, bem vividos, sou calejada, por conta das barras que já enfrentei, então, sei diferenciar o "joio do trigo", raramente me engano com  as pessoas, muito menos com textos bonitinhos, cheios de aparente ingenuidade, simplicidade e muita, mais muita falsidade. Pois é,  descobri que a mesma pessoa que demonstra docilidade, que é quase um ser etéreo,  com asinhas angelicais e tudo, ser abnegado, extremamente espiritualizado,ao ponto de parecer a  reencarnação do Santo (a) da sua devoção, é aquela que julga e apedreja, sem dar chances de defesa.


Já cruzaram na vida com alguém assim?.Um lobo na pele de cordeiro. Pessoa perigosa esta, viu?

Levei um susto, quando sem querer esbarrei  numa série de  comentários deste "ser divinal", feitos em outros lugares que não o seu "habitat" natural e eram muitas as insanidades assinadas por ele (a). Como assim?. Mas fulano (a) é tao humano, misericordioso, bondoso, cadê a capacidade tão aclamada de bom(a) conselheiro(a), de ouvinte, capaz de compreender e perdoar tudo e todos.????. Eu respondo: É tudo balela, casca podre, verdadeiramente, por dentro, a criatura é tão feia, que chega a me dar asco.Corro léguas de gente assim e como dizia minha avó: Por fora boa viola, por dentro pão bolorento.


Por isto, como não agradecer e continuar pedindo à Deus que me dê sabedoria, discernimento, humildade, para criar pessoas verdadeiras, com defeitos, é claro, mas também com qualidades admiráveis. Estou começando a colher os primeiros frutos, não acham?. Valorizar o outro pelo o que ele é e não pelo o que ele tem, é condição sine qua non, para quem deseja ser alguém melhor, para quem opta em fazer a diferença, neste mundo cão.


Ah, e antes que perguntássemos, a menina, já tratou de nos avisar que pretende se casar (esperamos que demore  um tempo, muito tempo), mas que não quer saber de vestido  tipo "bolo de noiva", nem de circo, digo, de festa. Imediatamente, começamos a imaginar onde será que ela quer passar a "lua de mel?. Isto é que é coerência, taí, na próxima semana, vou praticar esta palavra: Coerência!!!!


PS: Implorei para que a Aymée cedesse umas fotos da reunião com os amigos dela mas ela disse que eu não poderia colocar imagens das pessoas, sem as devidas autorizações. Achei justo.

Beijos e uma ótima semana pra todos nós.

2 comentários:

  1. Realmente cada um é cada um...minha filha também não quis festa de 15 anos, na época fomos para a Itália comemorar os 15 dela e os 21 da mana. Ano que vem ela fará 18, estamos querendo fazer outra viagem...acho um investimento super válido. Realmente é uma opinião que diverge. Beijocas e mais uma vez parabéns pela filhota. ;-)

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  2. Também não tive festa de 15 anos, nem minha filha. No meu caso fui a Orlando conhecer as maravilhas da Disneyworld sozinha numa excursão. No caso dela, fomos juntas também a Orlando...reviver tudo com ela ao meu lado foi maravilhoso, sem palavras para descrever.
    Cresci sendo educada pelos meus pais que não adianta a festa mais cara que houver, sempre haverá alguém criticando algo. Assim segundo eles, "pra que encher a barriga dos outros?!", e eu completo vamos encher nossos corações, nossas mentes com lembranças boas de viagens agradáveis em locais que sonhamos conhecer, pois isto, é claro custa caro, mas jamais serão tiradas de nós, sempre nos restará uma lembraça feliz dos dias que vivemos.
    bjs

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